O governo federal arrecadou R$ 2,1 bilhões no primeiro ano de vigência da chamada “taxa das blusinhas”, segundo dados da Receita Federal obtidos via Lei de Acesso à Informação. O imposto de 20% sobre importações de até US$ 50 ajudou a reforçar o caixa da União, mas provocou uma forte queda de 43% nas importações de baixo valor, o que gerou prejuízo direto aos Correios, que perderam cerca de R$ 1,2 bilhão em receitas e continuam enfrentando déficit fiscal.
A medida entrou em vigor em agosto de 2024, dentro do Programa de Remessa Conforme, e foi defendida pelo governo como uma forma de proteger o varejo nacional, que vinha se queixando de concorrência desigual com produtos importados vendidos por plataformas como Shopee, Shein e AliExpress. O objetivo declarado era equilibrar o mercado entre o comércio interno e o internacional.
Além de atender às demandas do setor varejista, o novo tributo também serviu para aumentar a arrecadação federal. Desde 2023, o governo tem buscado novas fontes de receita para cumprir as metas do arcabouço fiscal, que exige um superávit de 0,5% do PIB neste ano. A cobrança sobre as importações foi uma das estratégias adotadas para alcançar esse equilíbrio.
Nos primeiros meses de aplicação, o impacto foi imediato: somente em agosto de 2024, o governo arrecadou R$ 158,5 milhões com a nova taxa. O pico ocorreu em novembro, com R$ 224,6 milhões, e a média mensal de arrecadação ficou em torno de R$ 179,3 milhões.
Por outro lado, a cobrança reduziu drasticamente o número de pacotes vindos do exterior. A queda de 43% nas importações afetou diretamente os Correios, que registraram um recuo de 61% na arrecadação com serviços internacionais no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre, a redução chegou a 63%, conforme o balanço financeiro da empresa.
Com isso, a participação do serviço de postagem internacional na receita total dos Correios caiu de 22% para 9,6%. O serviço, que inclui transporte, despacho aduaneiro e entrega de encomendas, foi um dos mais prejudicados com a diminuição das compras de produtos estrangeiros de baixo valor.
No relatório contábil mais recente, os Correios apontaram a taxa das blusinhas como uma das principais causas da crise. “Destaca-se a retração significativa do segmento internacional, em razão de alterações regulatórias nas compras de produtos importados, que provocaram forte queda no volume de postagens”, afirmou a estatal.
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