O avanço dos aplicativos de transporte e entrega transformou profundamente o mercado de trabalho brasileiro. Hoje, plataformas como Uber, iFood, 99 e tantas outras se tornaram a principal fonte de renda para quase 4 milhões de pessoas, consolidando um novo tipo de vínculo econômico baseado na autonomia, mas também na precariedade.
Se todos esses trabalhadores estivessem reunidos em uma mesma empresa formal, essa estrutura superaria, com folga, o maior empregador estatal do país. A comparação mostra a dimensão do fenômeno: enquanto os Correios contam com pouco mais de 100 mil funcionários, os aplicativos reúnem um contingente de trabalhadores dezenas de vezes maior, mesmo sem oferecer vínculos tradicionais.
Para muitos brasileiros, a atuação em plataformas deixou de ser um complemento e passou a representar o sustento principal da família. A flexibilidade, o acesso rápido ao cadastro e a dificuldade de conseguir vagas formais empurraram milhões para esse modelo de ocupação, que ganhou força sobretudo nos anos pós-pandemia.
Apesar do peso econômico, o crescimento desses aplicativos reacendeu o debate sobre segurança social e direitos trabalhistas. Sem proteção previdenciária, garantia de renda mínima ou estabilidade, os profissionais seguem vulneráveis, ao mesmo tempo em que alimentam um ecossistema que cresce mais rápido que a capacidade do país de regulá-lo.



