Um projeto em análise no Senado prevê que mulheres que forem vítimas de violência tenham vagas garantidas em contratações públicas, com o argumento de promover inclusão social e autonomia financeira. A proposta estabelece reserva de postos de trabalho em contratos firmados pelo poder público, priorizando esse grupo específico.
Apesar do discurso de proteção social, a iniciativa gera críticas e preocupações relevantes. O Brasil enfrenta um sistema frágil de investigação e julgamento, além de registros recorrentes de denúncias que não resultam em comprovação, o que levanta o risco de uso indevido da política. Medidas desse tipo podem acabar estimulando falsas acusações, já que passam a associar benefícios diretos a uma condição sensível e de difícil verificação imediata.
Críticos apontam que o governo deveria concentrar esforços em políticas públicas de prevenção, como educação, fortalecimento das forças de segurança, celeridade da Justiça e punição efetiva dos agressores. Criar benefícios posteriores não combate a raiz do problema e pode gerar distorções, injustiças e insegurança jurídica.
Para especialistas contrários à proposta, o enfrentamento da violência exige ação preventiva e institucional, não políticas compensatórias que podem transformar um tema grave em instrumento de vantagem administrativa. O projeto segue em tramitação e ainda poderá sofrer alterações antes de eventual votação.



