O caso envolvendo o Banco Master passou por uma reviravolta jurídica nos últimos dias. Em decisão monocrática, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a investigação sobre supostas fraudes bilionárias praticadas pelo banco, que estava sob responsabilidade da Justiça Federal em Brasília, deve tramitar exclusivamente no STF. A mudança ocorreu após a citação de um deputado federal no inquérito, garantindo foro privilegiado ao investigado e transferindo o processo para a Corte Suprema.
A investigação, conhecida como Operação Compliance Zero, apura um esquema complexo de emissão de títulos de crédito sem lastro pelo Banco Master, incluindo a tentativa frustrada de compra do Banco Regional de Brasília (BRB), que é parte integrante do sistema financeiro público. Estimativas iniciais indicam que as fraudes podem superar R$ 17 bilhões no total.
Com a transferência ao STF, Toffoli decidiu recentemente autorizar a retomada das diligências, dando um prazo inicial de 30 dias para que a Polícia Federal (PF) realize uma série de medidas, como oitivas de investigados e de dirigentes do Banco Central, além de possíveis quebras de sigilo e outras requisições de informação aos órgãos envolvidos no caso.
A decisão visa permitir que a investigação avance sob a supervisão direta da Corte, mas também tem gerado debates públicos e políticos. Alguns parlamentares, como o senador Eduardo Girão, questionam a condução do processo, apontando possíveis conflitos de interesse e defendendo a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para esclarecer todas as relações entre autoridades e o caso.
O episódio coloca a Corte e a Polícia Federal no centro da cena, com a Justiça tentando equilibrar a necessidade de apuração de um dos maiores esquemas de fraude já identificados no país e as exigências legais relacionadas ao foro privilegiado dos citados no processo. Especialistas aguardam os próximos passos, enquanto o sigilo do inquérito segue em vigor e novas etapas da investigação são autorizadas pelo ministro relator no STF.






