A professora da rede municipal de ensino infantil de Ribeirão Preto (SP), Aline Bardy Dutra, conhecida nas redes sociais pelo apelido “Esquerdogata”, passou a ser alvo de um processo administrativo disciplinar (PAD). Ela é suspeita de ter apresentado mais de 100 atestados médicos possivelmente irregulares para justificar ausências no trabalho. O procedimento foi anunciado oficialmente pelo prefeito Ricardo Silva (PSD) em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (29).
O caso ganhou destaque após Aline ser presa no sábado (25), acusada de desacato, resistência e injúria racial, durante uma abordagem policial em uma blitz de trânsito. Segundo o prefeito, o histórico funcional da servidora mostra muitas faltas acumuladas nos últimos anos, algumas sem justificativa, além do uso frequente de atestados médicos.
“Estou com um dossiê de faltas injustificadas da professora. Ela apresentou uma grande quantidade de atestados enquanto era servidora efetiva, e temos o dever de investigar se esses documentos são verdadeiros. Vamos verificar cada um deles e apurar a autenticidade das informações médicas”, afirmou Ricardo Silva.
O processo administrativo deve ser concluído entre 60 e 90 dias, podendo resultar em punições que vão até a demissão. Paralelamente, a Câmara Municipal de Ribeirão Preto enviou um ofício solicitando a exoneração da professora. O presidente do Legislativo, Isaac Antunes (PL), justificou o pedido alegando que o comportamento de Aline é incompatível com o cargo público.
Nas redes sociais, o prefeito reforçou que a demissão seria inevitável.
“O que aconteceu foi gravíssimo. Há indícios de que ela usava atestados médicos para manter sua atividade como influenciadora digital, o que é inadmissível. Além dos crimes pelos quais foi presa em flagrante — desacato, resistência e injúria racial —, a prefeitura também investigará essas faltas e possíveis irregularidades”, declarou.
O jornal O GLOBO entrou em contato com a defesa de Aline sobre as suspeitas envolvendo os atestados, mas ainda não obteve resposta.
Durante a abordagem policial, Aline apresentava sinais de embriaguez e ironizou os agentes, fazendo comentários sobre o salário e a classe social deles.
“Vocês acham que têm moral pra me mandar pra algum lugar? Olha pra mim e olha pra vocês. Minha sandália vale o carro de vocês”, diz ela em um vídeo que circula nas redes. “Fazem só até a nona série, prestam concurso pra Polícia Federal, ganham R$ 2.500 e acham que mandam em alguma coisa”, completou.
PT avalia expulsão
O Partido dos Trabalhadores (PT) de Ribeirão Preto informou que estuda expulsar Aline Bardy Dutra da legenda. Filiada há cerca de três anos e meio, ela costuma publicar conteúdos políticos e sociais, misturando humor e militância em temas como direitos humanos e atualidades. Em um vídeo recente, comentou declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o uso de drogas.
“Não concordamos com o que ela disse nem com suas atitudes”, afirmou o presidente municipal do partido, Edson Fedelino, acrescentando que o caso será discutido na próxima reunião interna da legenda, marcada para 4 de novembro.






