A influenciadora Cíntia Chagas, que se define publicamente como de direita e não bolsonarista, surpreendeu parte do público ao se unir à ex-deputada e militante de extrema esquerda Manuela D’Ávila para lançar um livro sobre feminismo. O encontro entre perfis políticos tão opostos gerou críticas e perplexidade, principalmente entre os seguidores da própria Cíntia.
Manuela D’Ávila é conhecida por sua militância comunista: foi liderança do PCdoB por 25 anos, exercendo cargos de vereadora e deputada federal e estadual, e se declara publicamente como “cristã e comunista”. Em outubro de 2024, deixou o PCdoB alegando falta de opções ideológicas dentro da esquerda e, em novembro de 2025, filiou-se ao PSOL, reforçando seu compromisso com a agenda de esquerda e com a luta contra a chamada “ultra-direita”.
O fato de Cíntia, que se apresenta como de direita, se aproximar de uma figura tão alinhada à extrema esquerda para tratar de um tema como feminismo — historicamente ligado à agenda progressista — gerou críticas de seguidores e analistas políticos. Muitos questionam a coerência da influenciadora e enxergam a parceria como um movimento contraditório diante da sua própria identidade política, levantando dúvidas sobre a real motivação do projeto: marketing, tentativa de atrair público diverso ou mudança ideológica genuína.
Especialistas em comunicação afirmam que a ação é uma estratégia arriscada, pois, ao tentar dialogar com públicos opostos, Cíntia corre o risco de perder credibilidade com seus seguidores originais e causar confusão sobre suas convicções políticas. Para alguns críticos, a parceria evidencia um fenômeno atual na política e na cultura: a busca por visibilidade e engajamento muitas vezes sobrepõe a coerência ideológica.
O lançamento do livro, marcado para os próximos meses, promete continuar gerando debates sobre coerência política, marketing pessoal e apropriação de pautas ideológicas.






