Apesar de anos de polarização intensa, um movimento incomum começa a ganhar força no cenário político brasileiro: setores da esquerda moderada e da direita passaram a convergir em torno de uma pauta historicamente associada à direita, o pedido de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes. A aproximação ocorre em meio a críticas crescentes sobre a atuação do magistrado em episódios recentes que levantaram questionamentos sobre limites institucionais e conflitos de interesse.
O principal estopim dessa convergência foi o caso envolvendo o Banco Master, que passou a ser alvo de reportagens incisivas na imprensa. Jornais tradicionalmente identificados com a esquerda passaram a publicar matérias críticas ao ministro, apontando inconsistências, contatos não esclarecidos e versões contraditórias sobre reuniões e telefonemas relacionados ao caso. O tom adotado foge do padrão histórico de blindagem ao Supremo e chama atenção pelo rigor.
Esse movimento não se limita à imprensa. Políticos de esquerda, que até pouco tempo defendiam Moraes como símbolo do enfrentamento à direita, começaram a se manifestar publicamente. A deputada Tabata Amaral, por exemplo, fez críticas à conduta institucional do ministro, sinalizando desconforto com a concentração de poder e com a falta de transparência nos episódios revelados.
Outro ponto que reforça essa mudança de postura é a atuação da jornalista Mônica Bergamo, colunista de um veículo historicamente alinhado à esquerda. Nos últimos dias, ela tem publicado sucessivos furos envolvendo Alexandre de Moraes e sua esposa, aprofundando questionamentos sobre relações institucionais e possíveis conflitos, algo impensável até pouco tempo atrás dentro desse campo ideológico.
O resultado é um cenário político atípico: direita e parte da esquerda, mesmo mantendo profundas divergências em quase todas as pautas, passam a concordar que o caso ultrapassou diferenças ideológicas e se tornou um debate sobre limites de poder, institucionalidade e responsabilidade pública. O impeachment de Alexandre de Moraes, antes visto como uma bandeira exclusiva da direita, começa a ganhar respaldo em setores que historicamente a rejeitavam.







