Brasília — Na manhã deste sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado por telefone da prisão preventiva de Jair Bolsonaro. A ligação partiu do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que comunicou pessoalmente ao presidente os motivos que levaram à detenção do ex-chefe do Executivo. O aviso ocorreu por volta das 6h30, enquanto Lula estava na África do Sul para compromissos do G20.
A atitude, porém, chamou atenção dentro do próprio governo e entre especialistas da área jurídica. Não é comum — e muitos classificam como algo raro — que a Polícia Federal comunique diretamente um presidente da República sobre a prisão de um adversário político, especialmente antes que a operação seja amplamente divulgada. Segundo analistas, esse tipo de comunicação não faz parte do protocolo tradicional da corporação.
Fontes do Planalto afirmam que Lula, ao receber a informação, repassou o aviso apenas a alguns ministros que estavam com ele na viagem internacional. Mesmo diante do impacto político da notícia, houve recomendação interna para evitar comemorações públicas e manter postura de cautela, já que o episódio envolve o principal antagonista do atual governo.
Especialistas alertam que a ligação abre debate sobre os limites da relação entre a Polícia Federal e o Poder Executivo. Para eles, a corporação não deve funcionar como órgão de comunicação direta para proteger ou avisar o presidente sobre operações sensíveis, sob risco de afetar a percepção de independência institucional. O episódio, segundo esses analistas, pode criar precedentes difíceis para o futuro.






