Em meio ao avanço das investigações sobre um amplo esquema de fraudes no INSS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que não tolera corrupção nem mesmo dentro de sua família. Segundo ele, caso algum de seus filhos esteja envolvido, deverá ser investigado “como qualquer outra pessoa”. A fala, no entanto, ocorre em um contexto de crescente desgaste político e pressão pública sobre o governo.
O escândalo envolve descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas, prática que teria sido facilitada por servidores públicos, entidades associativas e operadores políticos. O caso ganhou grandes proporções após a Polícia Federal avançar sobre nomes ligados à cúpula do Ministério da Previdência, revelando falhas graves de controle e fiscalização sob a atual gestão.
Apesar do discurso duro, críticos apontam que Lula só se manifestou após a repercussão pública do caso, o que levanta questionamentos sobre a real disposição do governo em combater irregularidades antes que se tornem escândalos. A demora em agir, segundo opositores, reforça a percepção de tolerância com práticas suspeitas enquanto não há pressão política ou midiática.
O nome de Lulinha, filho do presidente, passou a circular em relatos ligados à investigação, embora ainda não exista acusação formal contra ele. Mesmo assim, o simples fato de o tema alcançar o núcleo familiar do presidente expõe uma contradição recorrente entre o discurso de combate à corrupção e os sucessivos casos que surgem envolvendo aliados, indicados e integrantes do governo petista.
Lula afirmou que a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União terão autonomia para conduzir as investigações. No entanto, o episódio reacende críticas antigas sobre a postura do presidente diante de escândalos, lembrando que, historicamente, o governo costuma adotar o discurso de “deixar investigar” apenas quando as denúncias já estão consolidadas.
Enquanto isso, milhões de aposentados seguem como as principais vítimas, tendo seus benefícios reduzidos sem autorização, em um esquema que se desenvolveu dentro de um dos órgãos mais sensíveis da administração pública. O caso do INSS aprofunda a crise de credibilidade do governo e coloca em xeque a narrativa de que a atual gestão representa um rompimento definitivo com práticas do passado.






