A recente liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central em novembro de 2025 em razão de uma grave crise de liquidez e possíveis irregularidades nas operações da instituição, expôs um rombo nos passivos que já ultrapassam R$ 56 bilhões — incluindo garantias que precisarão ser acionadas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Os números revelados mostram que a maior parte desse montante deve ser assumida pelo FGC, que calcula desembolsar pelo menos R$ 41 bilhões para cobrir depósitos e aplicações de pessoas físicas na instituição — valor que pode chegar perto de R$ 49 bilhões conforme o avanço da análise da base de credores.
O FGC é um fundo financiado exclusivamente pelos bancos e instituições financeiras associados, por meio de contribuições regulares e investimentos conservadores, e não por recursos públicos ou impostos diretos. Contudo, como esse fundo é constituído pelos recursos do próprio sistema bancário, o peso financeiro dessa crise recai, em última análise, sobre a população, que financia os bancos através de depósitos, empréstimos, tarifas e juros pagos no cotidiano.
💸 Como a população “paga” pelo rombo
Embora grande parte dos valores acionados agora venha do FGC, esse fundo funciona como um seguro coletivo: todos os bancos em funcionamento contribuem regularmente para manter uma reserva que protege depositantes em casos de falência ou liquidação de instituições financeiras.
Isso significa que:
Os bancos que contribuem para o FGC fazem isso com recursos que, em última instância, vêm de seus clientes — seja por meio de tarifas, spreads de empréstimos ou rendimentos menores em investimentos cobertos. Uma quebra bilionária como a do Banco Master consome uma fatia significativa dos recursos do FGC, o que pode pressionar futuras contribuições das instituições associadas. Como os bancos podem repassar esses custos aos clientes, o “pagamento” pelos prejuízos acaba sendo diluído entre os correntistas e investidores do sistema financeiro, mesmo que muitos não percebam.
📊 Riscos e impactos na economia
Especialistas destacam que esse episódio pode ter efeitos mais amplos:
Maior cautela dos investidores em aplicações de bancos menores ou menos conhecidos; Pressão sobre spreads e custos bancários, já que instituições tentarão se fortalecer contra a possibilidade de futuras quebras; Debate sobre a sustentabilidade e os mecanismos de proteção do FGC, principalmente porque o volume de saldos a cobrir chega a representar uma fatia relevante da capacidade total do fundo.
Embora o FGC seja projetado para proteger poupadores de perdas diretas em caso de falência bancária, situações extremas como a do Banco Master demonstram que o custo real dessa proteção acaba sendo compartilhado por toda a sociedade financeira, por meio dos mecanismos de financiamento do sistema bancário.
Assim, mesmo que o cidadão comum não veja um “desconto” explícito em sua conta bancária ou em seu imposto de renda, parte do impacto financeiro dessa crise pode, sim, ser repassada ao público ao longo do tempo — e muitos podem pagar sem perceber isso diretamente.






