Durante a pandemia, o Brasil enfrentou um dos maiores choques econômicos de sua história, mas, paradoxalmente, muitos brasileiros sentiam que havia um horizonte de recuperação logo adiante. Mesmo com quedas no PIB e forte impacto nos serviços, a ideia de que o país poderia “virar o jogo” após o caos sanitário alimentava uma esperança coletiva. A crise era global, entendida como temporária, e boa parte da população acreditava que, superado o pior, viria uma retomada consistente.
Agora, em 2025, apesar de indicadores macroeconômicos positivos, a sensação nas ruas é de que a economia piorou. O PIB cresce, o desemprego está em níveis historicamente baixos e os números oficiais sugerem um país em recuperação. No entanto, a vida real conta outra história: o preço dos alimentos disparou, o custo de vida avançou mais rápido do que os salários e a inflação acumulada no pós-pandemia corroeu silenciosamente o poder de compra das famílias.
O que mais alimenta o descontentamento é o contraste entre os bons resultados divulgados pelas autoridades e a experiência diária do cidadão comum. Mesmo empregados, milhões afirmam que o salário não acompanha o aumento dos gastos básicos. A comida pesa mais no bolso, o transporte está mais caro e contas essenciais consomem uma fatia maior do orçamento do que consumiam há alguns anos. A sensação generalizada é de retrocesso.
Esse paradoxo — recuperação nos números, piora no bolso — faz com que muitos brasileiros digam que, ironicamente, estavam “melhor na pandemia”. Naquele período, apesar do medo e das dificuldades, parecia existir uma luz no fim do túnel. Hoje, com salários comprimidos e custo de vida elevado, essa luz parece ter se apagado. A economia pode estar crescendo, mas para grande parte da população o país ficou mais caro, mais difícil e mais pesado do que no auge da crise sanitária.






