A decisão do ministro Alexandre de Moraes que levou à prisão de Jair Bolsonaro destacou a convocação de uma vigília de oração feita por seus apoiadores como um dos elementos de maior preocupação. Na avaliação do magistrado, o ato, anunciado como um encontro religioso para “orar pela saúde do ex-presidente”, poderia na prática servir para tumultuar a fiscalização da prisão domiciliar e criar condições favoráveis para uma tentativa de fuga.
Moraes afirmou que manifestações desse tipo, embora apresentadas como eventos pacíficos e espirituais, já foram utilizadas anteriormente para pressionar instituições e gerar confusão em torno de medidas judiciais. Na decisão, ele menciona que a vigília organizada na porta da residência de Bolsonaro tinha potencial de atrair grande número de seguidores, bloqueando o acesso de equipes de monitoramento e gerando um ambiente que facilitaria a violação das regras impostas pelo STF.
O ministro também citou o registro de violação na tornozeleira eletrônica de Bolsonaro durante a madrugada, reforçando a suspeita de que a mobilização religiosa poderia ter sido planejada para coincidir com uma ação para burlar a fiscalização. Para Moraes, a combinação da convocação pública da vigília com o alerta emitido pelo sistema de monitoramento caracterizava risco concreto de evasão e justificava a ordem de prisão preventiva.
A defesa de Bolsonaro classificou a decisão como absurda e alegou que a vigília se tratava apenas de exercício da liberdade religiosa, um direito constitucional. Os advogados afirmam que transformar um ato de oração em motivo para prisão demonstra perseguição e falta de proporcionalidade. Ainda assim, com a avaliação de risco apresentada pelo ministro, Bolsonaro foi detido e permanece à disposição da Justiça.






